Quando falamos de fazer a vontade de Deus, tudo soa com um tom poético. Parece que é algo mágico, ou então, que tudo se encaixará perfeitamente, tudo será mais fácil, mas, na verdade, não é tão fácil quanto parece. Tenho certeza absoluta, que fazer aquilo que o Senhor tem como plano para as nossas vidas é o mais proveitoso, é o que nos fará feliz, o que nos levará a santidade, porém, ouvir e entender este plano de amor de Deus para nós, exige disciplina na oração, exige uma sensibilidade muito aguçada, para distinguir a Sua voz, em meio a tantas vozes que ressoam dentro de nós.
Para seguir uma vocação, necessitamos ter coragem de nos desapegar de tudo, de colocar a vontade do Pai acima de todas as coisas, principalmente das nossas vontades...
Jesus diz, no Evangelho de João, que desceu do céu, não para fazer sua vontade, senão a vontade de Seu Pai (Jo 6,38), porém, esta convicção não é tão aparente quando, no Monte das Oliveiras, Ele cogita a possibilidade do Pai afastar d’Ele aquele cálice (Lc 22,42). Mesmo para o Senhor, foi difícil a caminhada rumo aos planos do Pai. Na sua condição humana, Ele fez tudo crendo que, na vontade do Pai estava a consumação do seu chamado e foi esta certeza que deu forças para que Ele não desistisse.
É sabido que, para cumprir com tudo o que o Senhor deseja de nós, nos é necessária uma Graça peculiar, vinda do próprio Deus. Santo Agostinho orava assim, diante de Deus: “Meu Deus, se o Senhor me der aquilo que o Senhor está me pedindo, então pode me pedir o que o Senhor quiser.” Percebemos nisso, que este grande Santo e Doutor da Igreja, se reconhece incapaz de, sozinho, realizar tudo aquilo que o Pai pede a ele.
Clamemos sempre ao Senhor, que, derramando sobre nós, abundantemente, o Espírito Santo, nos dê ouvidos sensíveis para ouvir e discernir seus planos para nossas vidas. Peçamos, também, ao Pai do céu, em nome de Jesus, que sempre derrame sobre nós a Graça necessária, para que tenhamos coragem e disponibilidade, de realizarmos cada um de seus desejos, da maneira que Ele espera de nós. Só seremos perfeitos, quando chegarmos ao céu, mas, enquanto isto não acontece, o próprio Deus nos habilita para sermos instrumentos eficazes em suas mãos.
Que a Virgem Santíssima, que é modelo de serva obediente e disponível à vontade de Deus, seja a nossa inspiração nesta caminhada árdua, rumo à nossa vocação, e que ela mesma interceda por cada um de seus filhos, que desejam, ardentemente, fazer a vontade do Pai.
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